Era uma vez um estudante de Medicina Veterinária...

Hoje foi um dia especial. O dia da minha colação de grau do curso de Medicina Veterinária. Ufa, foi um sufoco, mas consegui terminar. Agora sou um médico veterinário. O que isto muda na minha vida? Não sei, acho que meu dia a dia não mudará muita coisa. Explico: apesar de me tornar um profissional da veterinária no dia de hoje, minha vida continuará na luta que já venho fazendo, ou seja, organizar a juventude partidária, contribuir com as lutas sociais na juventude gaúcha e brasileira e contribuir para que essa juventude tenha acesso aos direitos como educação, saúde, moradia, trabalho, etc.

Talvez o que mais mude é que a partir de agora tenho uma profissão e uma condição privilegiada que apenas 13% da juventude de 18 a 24 anos têm no Brasil. E olha que já foi pior, no início da década eram apenas 10%. Portanto, estamos avançando e precisamos avançar ainda mais.

Hoje na formatura surgiu a oportunidade de eu ser o orador da turma. Era uma formatura de gabinete. Era pra não ter tido muita formalidade, mas não foi bem assim. Mesmo querendo a informalidade na colação de grau, por compreender ser desnecessário toda a costumeira pompa nos processos de formaturas, a organização deu um carater bem formal. Estavam colando grau uma turma da veterinária e outra da agronomia.

Mas voltando ao que estava falando antes, fui o orador da turma. Falei no momento algumas palavras refletindo sobre o papel da Universidade e do curso de veterinária. Meio desorganizado pois só soube na hora que cheguei no local que teria esta oportunidade, acredito que tenha refletido um pouco sobre estes debates que tanto fizemos durante a militância no Movimento Estudantil.

Acho que esta é a hora de refletirmos sobre a Universidade Pública brasileira. Pra quem e para quê serve a Universidade Pública Brasileira? Assim começei as minhas palavras...

Acredito que atualmente a Universidade Pública encontra-se em uma situação bem melhor. Há muito mais investimento, expansão de vagas e o debate que há é como aplicar esse investimento. No Governo FHC o debate era a falta de verbas e a situação caótica das Universidades Públicas. Portanto, mesmo que de forma insuficiente, a Universidade Pública brasileira já está servindo mais ao povo, pois mais pessoas oriundas das classes populares têm acesso ao ensino superior (vide a política de cotas para afrodescententes).

Contudo, isto ainda é pouco. Precisamos além de Universalizar o acesso à universidade (e para isto precisamos resolver o gargalo do ensino médio onde 50% dos estudantes não concluem) lutar e defender uma Universidade que se debruce sobre os principais problemas e mazelas do povo Brasileiro. Precisamos construir uma Universidade capaz de produzir ciência e tecnologia para resolver os problemas da grande maioria, como por exemplo, os camponeses, os pequenos e médios comerciantes e empresários. Precisamos acabar com a drenagem de cérebros que ocorre da Universidade Brasileira pelas transnacionais, pelas grandes empresas da cidade e do campo.

Para isto, precisamos lutar pela democracia nas Universidades. Se formos capazes de fazer com que a Universidade seja ocupada por negros e negras, indios e indias, camponeses, pela juventude da periferia, com certeza cumprirá o seu papel de trasformar a sociedade e, além disto, contribuir para a libertação do seu povo! Vida longa aos lutadores por uma Universidade Democrática e Popular!

São algumas palavras meio desorganizadas, mas, acredito eu, apropriadas para o momento de uma passagem onde pouquíssimas pessoas neste país tem a oportunidade de vivenciar.