Por Ivo Pugnaloni(*)
Enquanto nós ainda festejamos Dilma Presidenta, a direita já lança seus candidatos, Marina e Aécio.
E eles querem ter os candidatos “jovens” e “da juventude”, daqui a quatro anos…
Leia esse artigo do Estadão.
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,aecio-e-marina-lideram-apostas-para-2014,632903,0.htm
Nele fica claro como a direita já fez a sua “formação de quadros”.
Aécio Neves, o “jovem” neto de Tancredo Neves.
Beto Richa , o “jovem” filho de José Richa.
Rodrigo Maia, “jovem”filho de César Maia.
Gustavo Fruet, “o jovem” filho de Maurício Fruet…
E ainda, Marina SIlva, a “novidade”, cujo passe foi adquirido do PT pela industria “ecológica” para dividir os votos da esquerda mas inda não funcionou bem, em 2010.
Fica claro também, como se dará a “aliança de partidos “novos”, coligando o PSDB, filho da banda “mais direitosa” do PMDB, aliado com o DEM, filho do PFL, neto do PDS e bisneto da velha ARENA.
Muitas caras e siglas novas, mas com pensamentos muito, muito velhos. Mas o povão não sabe disso!
A fórmula da direita para vencer em 2012 e 2014.
E com o apoio de quem a nossa direita pensa vencer?
A direita segue exemplos e manuais vindos de Washington e pretende continuar a repetir a fórmula que lhe deu a vitória no Chile, com Sebastián Piñera.
Ela pretende vencer principalmente com o apoio da juventude, daqueles que em 2012 e 2014 terão por volta de 17 a 25 anos.
Esses jovens já estão sendo programados à distância através da verdadeira adoração da tecnologia e da informática.
Eles isolam-se nos fones dos seus iPODs, afundam-se nos seus facebooks e em geral. ignoram o mundo real, o convívio das pessoas e concentram-se nos seus próprios interesses individuais, adotando o egoísmo explícito como forma de vida.
Sem se importar minimamente com aquilo que viemos fazer nesse mundo.
Jovens que tinham menos de 12 anos quando Lula começou, em 2003 a fazer o país crescer e mudar, incluindo a própria família desses jovens no progresso econômico. Jovens que, infelizmente, graças à timidez e incompetência do PT e do próprio governo Lula, que ainda não colocou no ar, para valer, a TV Brasil, não se encontram incluídos no progresso político, espiritual e de consciência do que seja cidadania e do que seja “o bem público”.
A direita pretende certamente usar e cooptar jovens que não conheceram o desemprego da era tucana.
Muito menos a ditadura.
A direita vai cooptar jovens que não conheceram o apagão de 2001 e com ele, o corte de 25% no consumo e na produção das indústrias brasileiras e a demissão em conseqüência, de milhões de empregados.
A maioria, jovens como eles.
Jovens que não terão conhecido como era o Brasil, quando 26 milhões de pessoas viviam abaixo da linha da miséria, sem poder comer três vezes ao dia.
Serão quase todos estudantes que não terão sabido como era impossível, antes de Lula, que eles próprios estivessem na universidade ou concluído seu curso superior.
Sim, porque, graças à falta de informação, graças à clandestinidade da TV Brasil, essa já é hoje, a situação em que, aqueles que foram às ruas e pontos de ônibus, distribuir folhetos da campanha Dilma 2010 perceberam: a maior parte dos jovens não sabem o que é o Pró-Uni, nem que Lula foi quem o criou.
Nem mesmo os beneficiários do Pró-Uni!
Ficou bem claro que grande parte deles votaria em Serra só porque, simplesmente, não sabiam quem era Serra, nem quem era FHC, pois tinham só 4 anos de idade quando o “príncipe dos sociólogos começou seu governo.
E tinham só 12 anos quando Lula assumiu e iniciou as mudanças, que para eles os jovens, são a única coisa que conhecem e portanto não podem comparar!
E nós? Estaremos nos preparando para 2014 e 2012?
Em 2012 e 2014, certamente, a palavra de ordem da direita será “Chega! Queremos a mudança”, como de certo modo, já foi agora em 2010.
Nós do PT, seremos chamados de “velhos” por esses “jovens” e por “jovens” como Beto Richa, Rodrigo Maia e Aécio Neves, que tem cara nova, mas idéias muito velhas, idéias de Adam Smith, de 350 anos atrás…
Advirto os mais sensíveis que vou botar o dedo em algumas feridas nesse artigo. E que não adianta me chamar de chato. Nem de velho. Nem de “jurássico”.Nem de crítico contumaz. Nem de oportunista que, quando o partido leva surras homéricas, vem apontar erros e “fazer o jogo dos nossos adversários”, como já fizeram comigo…
O que vou apontar agora é fruto da observação desde 1979, da história do PT, que a maioria dos nossos dirigentes de hoje, não conheceu, pois boa parte deles eram crianças, pré-adolescentes, naquele tempo.
O que apontarei nesse artigo é realidade constatada em todo o país, através da experiência e da atuação de uma das mais experientes tendências nacionais do PT, a Articulação de Esquerda, que reúne gente que produz muita troca de informação e de opinião, preocupada com os destinos futuros do partido e com seu crescimento não só quantitativo e de cargos, mas qualitativo.
E também pelas opiniões que troquei com muitos amigos e companheiros mais jovens e mais velhos, de outras tendências e de tendência nenhuma, que as compartilharam comigo, durante a luta desigual que foi essa campanha eleitoral.
Uma luta que foi extremamente desigual, graças à falta de uma TV publica aberta, pois a TV Brasil é praticamente uma emissora clandestina.
Graças à falta de um jornal oficial público de grande tiragem, que em lugar nenhum da constituição ou da legislação está escrito que não pode existir.
Sobre a TV Brasil, tem mais.
Ninguém conhece a TV Brasil, pois seus dirigentes não a divulgam; com medo, aparentemente, do que dirá a TV Globo da sua concorrência, pois afinal todos viram da Globo e para lá pretendem voltar um dia…
Um parênteses aqui: eu acho que se a coisa continuar assim, um dia a ANATEL vai lacrar os transmissores e estúdios da TV Brasil, depois de alguma denuncia de que ela seja realmente clandestina…
Como é possível que uma empresa que se dedica à comunicação, não faça propaganda de si mesma?
Será que custaria muito caro fazer uma campanhazinha de outdoor, avisando os telespectadores que a TV Brasil entrou no ar?
Quem sabe, nós militantes do PT, fazemos uma “vaquinha” com a Sociedade de Amigos da TV Brasil, http://amigosdatvbrasil.blogspot.com para pagar pelo menos um outdoor em cada capital do país?
Precisamos trabalhar muito para a formação de novos quadros.
Hoje não há no PT, no sentido estrito do termo, “formação de quadros”.
Há isso sim “aquisição do passe” de quadros já prontos e disponíveis, que são logo após as eleições contratados como assessores de gabinete.
Formação de novos quadros?
Quase nada.
Trabalho organizado para filiar novos militantes que se destacam nas lutas dos movimentos sociais?
Muito pouco.
Campanhas de filiação?
Nem pensar.
Organização minuciosa do trabalho em cada bairro, em cada zonal, em cada grande indústria ou escola ou universidade?
Quase nada.
“Construção” de nomes para concorrer a prefeito, governador?
Muito pouco.
Afinal, para que seria preciso fazer isso, se depois, será preciso deixar espaço para as negociações com os demais partidos da base aliada e seus candidatos?
Um partido que funcione em tempo integral e não só na época de eleições?
Isso é coisa do passado!
Cursos e seminários para formar minimamente novos quadros em áreas como História, Economia, Política, Cidadania?
Coisa do passado! Coisa de velho não plugado.
Afinal, na internet tem tudo isso, basta o militante se interessar, ora bolas!
Vamos acabar com a hibernação no período não-eleitoral!
Fora da estação das eleições, o PT em geral, salvo honrosas exceções, que confirmam a existência da regra, fica quase adormecido.
O PT fica parecendo uma futura libélula, fechada em seu casulo e fechado para um balanço que nunca vem.
Um balanço que quando vem é sempre muito superficial, para não desagradar esse ou aquele dirigente.
E, é claro, para “não fazermos o jogo dos adversários, falando mal de nós mesmos”, como se o procedimento de auto-crítica fosse o mesmo que “falar mal de si mesmo” e algo vergonhoso.
E não um formato consagrado de aprender com os erros e evoluir, muito usado inclusive por empresas e organizações do mundo capitalista avançado.
Virá o verão eleitoral, mas então, “não teremos candidatos viáveis”…
Dois ou três meses antes da próxima eleição, escolhidos os candidatos e formada a coligação com a base aliada, chamar-se-á a militância para bater palma nos comícios, acompanhar as caminhadas, aparecer nas fotos e nos vídeos…
Aí então, só então, chegarão de Brasília os recursos do fundo partidário, as contribuições de campanha e não se terá tempo para mais nada, de novo.
Se iniciará, finalmente, o recrutamento da “militância” paga, os “balançadores de bandeiras”, que não sabem nem o que estão fazendo ali e que volta e meia são flagrados dando na TV, declarações a favor de nossos adversários…
Como sempre, então, as avaliações e perspectivas terão sido muito ruins para o Partido, naquela conjuntura. Alguns meses antes das eleições de 2012, entre graves e entristecidos teremos realizado os nossos encontros municipais.
Neles, convocaremos algum cientista político para, na mesa, discorrer em nosso nome, durante uma hora e meia, sobre “a fraqueza de nossa situação e como é melhor, muito melhor, apoiarmos fulano do PMDB, ou sicrano do PDT”, pois àquela altura, não teremos construído nenhum nome com possibilidade real de vitória sobre o candidato “jovem”, da direita velha.
Alguns, aproveitando a oportunidade para arriscar uma posição “mais à esquerda” poderão propor que “se não temos um nome para ganhar a eleição de prefeito, por que não lançamos o companheiro fulano ou o beltrano, que foram eleitos deputados federais, mas que tiveram votação menor na capital e estão precisando de uma “turbinada” na sua popularidade?
Francamente, o PT pode fazer muito melhor que isso…
Qual é a militância que se anima a ir para a rua defender um nome, sabendo que não há a menor chance de ganhar e que o tal sujeito apenas está fazendo campanha para deputado?
Quem entenderá como isso poderá ter acontecido no partido que teve o presidente mais popular do país! E que ganhou, em seguida, três eleições presidenciais?
Alguma coisa está muito errada nessa concepção de partido, nessa forma de gerir o partido e de prepará-lo para os novos desafios que certamente a direita nos imporá daqui em diante.
Ou alguém acha que agora, que foram eleitos os que tinham que ser eleitos e nomeados os que tinham que ser nomeados para os ministérios e as estatais, a nossa luta terá acabado e teremos atingido o Nirvana Partidário?
Esse artigo já está muito extenso.
Continuarei depois, de onde parei.
Pretendo dar uma idéia de como penso que podemos e devemos iniciar um amplo, vigoroso e ao mesmo tempo, compensador, trabalho para a formação de quadros partidários e de filiação de novos militantes.
Principalmente entre os jovens das camadas mais populares da sociedade, sem esquecer outros setores igualmente importantes.
Queria conhecer mais opiniões sobre isso. Você tem alguma?
Publique onde puder. E por favor, envie uma cópia para pugnalonfinn@onda.com.br
(*) fundador do PT em 1979
Fonte: http://pagina13.org.br/?p=4876
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