sábado, 31 de outubro de 2009

Um convite à Ousadia: para transformar o tédio em melodia!

Manifesto por uma candidatura de juventude para as eleições 2010

(material de circulação interna do Partido dos Trabalhadores)

  “Acordo, não tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar.
O cara me pede o diploma, não tenho diploma, não pude estudar.
E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado, que eu saiba falar.
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá.”
(Gabriel Pensador).”


Somos mais de 50 milhões, cerca de 30% da população. Somos a juventude brasileira. Nunca fomos tantos, essa é uma marca da nossa geração. A violência exposta, urbana e marginal, é outra marca, somos acostumados com a morte e ao baixo valor da vida.

Somos sempre vistos como suspeitos pela sociedade. Ora como agressivos que bagunçam e não respeitam nada, ora como apáticos e alienados. O fato é: que em meio à democracia a polícia “pega e leva” a gente jovem reunida na praça e na periferia.

Vivemos a revolução informacional e a ditadura das grandes mídias. Numa sociedade quase “juventocêntrica”, a nossa imagem nas novelas é de saúde e beleza e nos jornais é de crueldade ou inconveniência. Juventude vende mais e “lava mais branco”, mas juventude pobre é juventude problema.

Enquanto as gerações anteriores deixaram como legado melhores condições de vida, nós estamos recebendo um mundo com maior concentração de riqueza, com problemas ambientais que podem comprometer a nossa existência, e a maioria terá mais dificuldade de se empregar, de se escolarizar, de ter moradia, do que nossos pais. Parece que um acordo foi quebrado na nossa civilização: a vida não vai melhorar, vai piorar para os que acabaram de chegar na população economicamente ativa.

Esses são os traços da nossa identidade geracional. No entanto, apesar dos estereótipos e do senso comum, existe na juventude brasileira uma geração política que não sabe o quanto irá contribuir, mas que quer dar a sua contribuição para o projeto de transformação socialista.

Com a queda do muro de Berlim, a esquerda ficou sem rumo. Com a crise financeira do capitalismo o socialismo novamente toma força no debate político e parece mais real do que nunca, como uma necessidade histórica. Entretanto, nós, os jovens, parecemos ainda demais apegados à diversidade que não enxergamos a nitidez da luta de classes.

Não sabemos ainda que papel interpretaremos nas cenas dos próximos capítulos, mas estamos ensaiando. Em Seattle, alguns atentaram a reunião do G-8. Em Paris, queimaram os carros da burguesia. Em Atenas, os estudantes lutaram contra a polícia. Nos Estados Unidos fizeram campanha pelo youtube e elegeram o Obama. Na Palestina, só restaram lançar pedras e sofrer a covardia dos tanques. Na América Latina, o ensaio passa pelas eleições e algumas manifestações estudantis no México e no Chile. No Brasil, os ensaios mais visíveis foram o enredo do passe livre nas mobilizações do transporte e as ocupações das reitorias pelos estudantes.

Somos imprescindíveis para a definição de qualquer projeto de país e de mundo. Contudo, para nós, é reservado a marginalidade, a violência, a falta de educação, a falta de terra, a metade de todo o desemprego, o trabalho precário que nos obriga a ganhar metade do que ganha um trabalhador adulto; ou então, menos ainda caso sejamos mulheres, negras e homossexuais. Somos os mais explorados pelo capitalismo! Em que pese as importantes políticas do governo Lula, ainda temos um longo caminho a percorrer rumo a um Estado que contemple nossas particularidades e garanta nossos direitos e nosso espaço de participação. Será preciso muita luta, muita rebeldia que derrote, inclusive, o atual governo do RS que está na contramão da história e é o principal inimigo da juventude gaúcha.

Nós jovens, queremos construir o nosso partido, o partido dos trabalhadores, para que seja capaz de ser a referência para juventude, de ser a alternativa concreta, de ganhar os tão difíceis e desconfiados corações e mentes da atualidade.

Queremos construir uma Juventude Petista capaz de organizar as diversas lutas, de fortalecer os diversos movimentos sociais e, principalmente, ser a referência para a juventude brasileira. Capaz de reconhecer a juventude como dona do seu próprio tempo, ajudar o nosso partido a se renovar constantemente sem se descaracterizar, sendo ela a força propulsora da construção de uma nova hegemonia política na sociedade.

É preciso que no centro da própria engrenagem, reinventemos a contra-mola que resiste, para alterarmos a postura do PT frente à juventude. É preciso que renovemos suas direções, seus quadros públicos para que seja possível que essas posições emirjam e ganhem seu devido lugar.

O futuro é hoje e ele nos pertence. Queremos aprender, sintetizar, avançar e, ao mesmo tempo, renovar. É preciso aprender com o melhor da tradição da esquerda socialista, ao longo da história forjada pela juventude na luta dos trabalhadores. É preciso renovar o PT com o compromisso militante, resgatar a capacidade de fazer luta ideológica entre a juventude e na sociedade, defender o socialismo e avançar na garantia e ampliação dos direitos da juventude brasileira e gaúcha.

É preciso renovar com um projeto de desenvolvimento para o RS que dê conta dos desafios da atualidade e consolide uma aliança entre os trabalhadores, setores médios e considere o papel central que deverá ter a juventude. Recoloque o PT como alternativa de projeto, fortaleça as organizações populares, melhore a vida do povo e construa a necessária hegemonia política dos trabalhadores, acumulando para nosso objetivo estratégico de construção do socialismo.

Nós jovens precisamos, portanto, participar das grandes decisões, daquelas que definem, além das nossas vidas, a de milhares de pessoas.

Chega de migalhas, queremos tudo o que nos pertence!

Queremos mudanças radicais que conquistamos nas lutas sociais, e também nas disputas eleitorais. Nossa presença contundente e combinada nestes dois espaços poderá fortalecer muito a luta juvenil, a disputa ideológica e a conquista dos nossos direitos através da implementação de políticas para a juventude.

Por tudo isso, nós jovens queremos um mandato que represente um projeto coletivo, de uma demanda necessária, que engloba várias lutas. Porque queremos votar com paixão, com a convicção de que vale a pena acreditar na mudança radical, como a esperança que se renova a cada chegada da primavera, tendo a certeza de que não somos seres extraordinários, mas capazes de mudar o mundo.

Este anseio é representado pelo jovem, companheiro Mauricio Piccin, natural de Jaboticaba, com uma trajetória de luta no Movimento Estudantil e na juventude.

Maurício iniciou sua militância como Coordenador do Diretório Acadêmico da Veterinária na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Integrou a Direção da Casa do Estudante Universitário e foi Coordenador da Executiva Nacional dos Estudantes de Veterinária (ENEV). Eleito diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 2003, foi também coordenador do Diretório Central dos Estudantes da UFSM e candidato a Presidente da UNE em 2005, assumindo a Vice Presidência Nacional da entidade de 2005 a 2007. Integrou neste período a Direção Nacional da Juventude do Partido dos Trabalhadores, coordenando a campanha de juventude do companheiro presidente Lula. Atualmente é Secretário Estadual de Juventude do Partido dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul.

Esta construção coletiva será, sem sombras de dúvidas, uma grande tarefa militante. De renovação da luta por outra sociedade, pelo socialismo como necessidade e possibilidade histórica, pela juventude como possibilidade de superação. Uma grande tarefa militante na luta pelo fortalecimento do PT, da Juventude Petista, para transformar a institucionalidade em mais uma trincheira que fortaleça a luta do povo trabalhador, da juventude, das mulheres, dos negros e negras e da luta pela livre orientação sexual.

Queremos dar, de maneira única, a nossa contribuição ao projeto de transformação social, fruto do momento histórico cultural em que vivemos.

Portanto, fica aqui a todas e todos que querem fazer parte deste desafio, um Convite à Ousadia!